Nosso Bairro

As diferentes vozes por um bairro melhor

Moradores do Areal destacam pontos como calçamento, saneamento básico e iluminação pública entre as principais reivindicações

Jô Folha -

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Dunas, Obelisco, Bom Jesus, Vasco Pires, Areal Fundos, Jardim Europa, Solar da Figueira, Vila Carpena... São inúmeras as localidades do bairro Areal. A área é a terceira maior da cidade. São 40.337.354,01 metros quadrados. E a realidade - como ocorre em outras zonas de Pelotas - ora coloca os moradores em posições opostas no quesito socioeconômico, ora unifica uma parcela da população em função das demandas afins. E, em geral, as reivindicações passam por saneamento, calçamento e iluminação pública. E se o assunto for saúde, não raro, as cobranças são pelo básico: médicos à disposição.

WhatsApp Image 2022-05-29 at 18.13.56Luiz Fernando Borges luta há anos por uma cidade humanizada  (Foto: Jô Folha - DP)

É o que ocorre na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Dunas. Quem afirma é Angelita Vieira Neves, de 56 anos. “As equipes têm boa vontade, mas não conseguem evoluir nos atendimentos”, lamenta. E preocupa-se com uma consequência que é ruim para as duas pontas: pacientes e profissionais. “Sem médico nos postinhos, sempre vai sobrecarregar a UPA e o Pronto-Socorro. Com qualquer dor de cabeça, gripe ou mal-estar, as pessoas acabam tendo que procurar um destes lugares”.

Moradora do Dunas há 26 anos, ela lembra bem de quando chegou ao loteamento: cinco filhos, um chalé sem água nem luz e vontade de sobra para lutar por um espaço melhor para todos e todas. E deu resultado. “Houve um avanço grande, em relação ao que era o loteamento, mas continuamos lutando por melhorias”, garante. Coordenadora da Uniperiferia em Pelotas, Angelita não fixa o olhar apenas para a vizinhança.

Ao acompanhar o surgimento de condomínios em locais como Corredor do Obelisco e o consequente aumento de moradores, cresce a preocupação com a falta de vagas para a gurizada. “Não há escola nem creche, nem de perto para todos. [A estrutura existente] se tornou ainda mais insuficiente”, destaca. O alargamento de vias, que acompanhe a ampliação de fluxo, também é lembrado pela comunidade que circula pela região.

WhatsApp Image 2022-05-29 at 18.14.16“Houve um avanço grande, mas continuamos lutando por melhorias.” - Angelita Neves, coordenadora da Uniperiferia (Foto: Jô Folha - DP)

A posição da prefeitura 
A Secretaria de Saúde assegura que a UBS Dunas possui quatro equipes e duas estão completas. O único dia em que não haveria atendimento direto ao público é nas segundas-feiras, quando o trabalho dos médicos é interno para o preenchimento de receitas e verificação de demandas encaminhadas pelas quatro equipes, ao longo da semana - informou, via assessoria de imprensa.

Algumas queixas, mas satisfação é mais alta
Há nove anos, Carlos Antônio Vargas da Silva, 64, decidiu trocar a Vila Princesa pela Bom Jesus. E não se arrepende. O mecânico aposentado, entretanto, tem enfrentado transtornos a cada chuva. E nem precisa serem pancadas mais intensas. “Qualquer chuvinha, a inundação é fatal. Entra água pro meu pátio. Só não entra na minha casa porque é um pouco mais alta”, ressalta. “Com certeza, deve ter algum bueiro entupido aqui na Concórdia”.

A iluminação nas redondezas também é motivo de reclamação. Ainda assim, Silva assegura: “Gosto muito daqui”.

WhatsApp Image 2022-05-29 at 18.14.36Mesmo com chuvas fracas, rua Concórdia alaga, conta o morador da Bom Jesus, Carlos Silva (Foto: Jô Folha - DP)

Na busca por acesso universal
As palavras são militância e determinação. Luiz Fernando Miranda Borges, 68, já viveu em diferentes endereços do Areal e também de outros pontos da cidade. Mas a manifestação não se restringe a um bairro. Ao conversar com o Diário Popular, o secretário de escola aposentado é incisivo: “Muitas vezes era como se tivesse em greve de ônibus. Simplesmente, eu não podia sair de casa”. Sem transporte coletivo adaptado e ruas alagadas ou com o barro pós-chuva, o guri que chegou a ser levado para escola em carrinho de mão, para que pudesse garantir qualificação, via direitos e autonomia ameaçados.


E não que faltasse iniciativa ou garra. Na adolescência, Borges já cruzava ruas e mais ruas com o triciclo manual. Até hoje o veículo o leva longe. Mas o que o carrega distante mesmo é a convicção de que precisa lutar pelo acesso universal. “A gente, em si, tá preparado para enfrentar o problema. A deficiência é do serviço público, da política pública que deveria estar a serviço do cidadão”, critica.

E com o peso de ser um dos fundadores da Associação dos Deficientes Físicos de Pelotas e de ter estado à frente do Conselho Municipal de Direitos das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades por quatro gestões, o cadeirante sustenta: “As cidades precisam ser humanizadas e, pra isso, temos que permanecer mobilizados. Temos que buscar o protagonismo e reivindicar soluções”.

Para participar do projeto!
O DP quer contar com a sua participação, através do Nosso Bairro. Para ser nosso parceiro, envie sugestões para os e-mails [email protected] e [email protected]. Você pode também entrar em contato pelo (53) 3284-7023 ou pelo WhatsApp (53) 99147-4781. Se preferir, pode dirigir-se à sede do Jornal, na rua 15 de Novembro, 718.

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